Ele era um
menino
Valente e
caprino
Um pequeno
infante
Sadio e
grimpante.
Anos, tinha
dez
E asas nos
pés
O olhar
verde-gaio
Parecia um
raio
Seu corpo
moreno
Vivia
correndo
Pulava no
escuro
Não importa
que muro
Saltava de
anjo
Melhor que
marmanjo
E dava o
mergulho sem fazer barulho.
Em bola de
meia
Jogando de
meia-direita ou de ponta
Passava de
conta
De tanto
driblar.
Amava Leonor
menina de cor
Amava as
criadas varrendo as escadas
Amava as gurias
da rua vadias,
Amava suas
primas
Com beijos e
rimas
Amava suas
tias de peles macias
Amava as
artistas
Das
cine-revistas
Amava a
mulher
A mais não
poder.
Por isso
fazia
Seu grão de
poesia
E achava
bonita
A palavra
escrita.
Por isso
sofria
Da
melancolia
De sonhar o
poeta
Que quem
sabe um dia
Poderia ser.
Vinicius de Morais
02/11/1958