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quinta-feira, 12 de abril de 2018

"25 de Abril: 44 anos - 44 poemas"


A cantiga é uma arma

A cantiga é uma arma
e eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria

há quem cante por interesse
há quem cante por cantar
há quem faça profissão
de combater a cantar
e há quem cante de pantufas
para não perder o lugar

O faduncho choradinho
de tabernas e salões
semeia só desalento
misticismo e ilusões
canto mole em letra dura
nunca fez revoluções

a cantiga é uma arma· (contra quem?)
Contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
de pontaria

Se tu cantas a reboque
não vale a pena cantar
se vais à frente demais
bem te podes engasgar

a cantiga só é arma
quando a luta acompanhar

Uma arma eficiente
fabricada com cuidado
deve ter um mecanismo
bem perfeito e oleado
e o canto com uma arma
deve ser bem fabricado

a cantiga é uma arma  (Contra quem camaradas?)
Contra a burguesia
tudo depende da bala
e da pontaria
tudo depende da raiva
e da alegria

a cantiga é uma arma
de pontaria!
        
Compositor: José Mário Branco
Interpretação: GAC – Grupo de Acção Cultural
1975