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quarta-feira, 2 de maio de 2018

Um poema para começar o dia!

Solidariedade
Mário Dionísio


Vamos, dêem as mãos.


Porquê esse ar de eterna desconfiança?
esse medo? essa raiva?
Porquê essa imensa barreira
entre o Eu e o Nós na natural conjugação do verbo ser?


Vamos, dêem as mãos.
Para quê esses bons-dias, boas-noites,
se é um grunhido apenas e não uma saudação?
Para quê esse sorriso
se é um simples contrair da pele e nada mais?


Vamos, dêem as mãos.


Já que a nossa amargura é a mesma amargura
Já que a miséria para nós tem as mesmas sete letras,
Já que o sangrar de nossos corpos é o vergão da mesma chicotada,
fiquemos juntos,
sejamos juntos.

Porquê esse ar de eterna desconfiança?
esse medo? essa raiva?


Vamos, dêem as mãos.


Poema de Mário Dionísio, publicado em Poemas (1936-38)