Bem-vindo ao Blogue das Bibliotecas Escolares do agrupamento da Maia!

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Um poema para começar o dia!


Morre lentamente 


Morre lentamente
Quem não viaja
Quem não lê
Quem não ouve música
Quem destrói o seu amor-próprio
Quem não se deixa ajudar... 

Morre lentamente
Quem se transforma escravo do hábito,
repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece. 

Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is" a um turbilhão de
emoções indomáveis,
justamente as que resgatam brilho nos olhos,
sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos. 

Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
quem não se permite, uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos. 

Morre lentamente
quem passa os dias queixando-se
da má sorte ou da chuva incessante,
desistindo de um projecto antes de o iniciar,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o
simples acto de respirar...
Estejamos vivos, então! 


Pablo Neruda

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Solstício de Verão 2018













O Solstício de Verão ocorrerá no dia 21 de junho de 2018 às 11h07min, marcando o início da estação no hemisfério norte (a mais quente apesar da Terra vir a estar o mais longe do sol a 6 de Julho). O sol neste dia de solstício estará o mais alto possível no céu em Lisboa e aquando da sua passagem meridiana atingirá a altura máxima de 75° .
A duração do dia no Solstício de Verão é efetivamente a mais longa. A 21 de junho de 2018 o disco solar nascerá às 06:11:46 horas e pôr-se-á às 21:04:53 horas em Lisboa.
A duração do dia será de 14:53:07 horas, o que é apenas 1 segundo a mais do que no dia anterior.
O Verão prolonga-se por 93,66 dias até ao próximo Equinócio, a 23 de Setembro de 2018.
Solstícios: pontos da eclíptica em que o Sol atinge as alturas (distância angular) máxima e mínima em relação ao equador, isto é, pontos em que a declinação solar atinge extremos: máxima no solstício de Verão (+23° 26′) e mínima no solstício de Inverno (-23° 26′). A palavra de origem latina (Solstitium) associa-se ao facto do Sol travar o movimento diário de afastamento ao plano equatorial e “estacionar” ao atingir a sua posição mais alta ou mais baixa no céu local.
Ler mais, AQUI!

Um poema para começar o dia!

Será poema?


Claro que sim! No livro há sempre poesia...

O LIVRO

Eu do livro
Não me livro
E nem quero
Me livrar.
Se do livro
Eu me livro
Como livre
Vou ficar?

Sabedoria popular (transmissão oral)

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Um poema para começar o dia!

Do chão sabemos que se levantam as searas e as árvores,
José Saramago

levantam-se os animais que correm os campos
ou voam por cima deles,
levantam-se os homens e as suas esperanças.

Também do chão pode levantar-se um livro,
como uma espiga de trigo ou uma flor brava.
Ou uma ave. Ou uma bandeira.

José Saramago

terça-feira, 19 de junho de 2018

Um poema para começar o dia!


LIÇÃO NA FLORESTA
Afonso Lopes Vieira

Meu livrinho na mão, e a alma ansiosa,
Ó verde escola, eu venho p’ra aprender
Nesta vasta cartilha rumorosa
O esplêndido a b c do teu saber!

Sê o meu grande mestre, a carinhosa
Mãe que me ensine, como deve ser,
Esta lição de coisas amorosa
Que na minha alma fique a florescer.

Do seco areal fizestes vós, por graça
De essa heróica humildade, este jardim...
E eu quero ser heróico e humilde assim!


...Mas a voz dos pinheiros me trespassa,
longa reboa e diz-me a murmurar:
-     O que é preciso,
O que é preciso é – AMAR.

Afonso Lopes Vieira, Canções do Vento e do Sol

domingo, 17 de junho de 2018

Um poema para começar o dia!

Green God


Trazia consigo a graça
das fontes quando anoitece.
Era um corpo como um rio
em sereno desafio
com as margens quando desce.

Andava como quem passa
sem ter tempo de parar.
Ervas nasciam dos passos,
cresciam troncos dos braços
quando os erguia no ar.

Sorria como quem dança.
E desfolhava ao dançar
o corpo, que lhe tremia
num ritmo que ele sabia
que os deuses devem usar.

E seguia o seu caminho,
porque era um deus que passava.
Alheio a tudo o que via,
enleado na melodia
duma flauta que tocava. 


in "Poesia" 
de Eugénio de Andrade 

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Um poema para começar o dia!

Memória de Charles Chaplin

Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar,
mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
“quebrei a cara muitas vezes”!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Mas vivi, e ainda vivo!
Não passo pela vida…
E você também não deveria passar!
Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é “muito” pra ser insignificante.
Charles Chaplin
(16 de Abril de 1889 — 25 de Dezembro de 1977)

Na biblioteca com Sandro William Junqueira

No dia 16 de maio, a BE da EB 2,3 de Gueifães, recebeu a visita do escritor Sandro William Junqueira.
A atividade relacionada com o "Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor", foi organizada pelo grupo de Português, da EB 2,3 de Gueifães, em articulação com a BE. 
Foram plenamente atingidos os objetivos delineados, tendo os participantes (professores, alunos, contador de histórias e funcionários), de um modo geral, revelado bastante satisfação e envolvimento.


domingo, 3 de junho de 2018

5 de junho - Dia Mundial do Ambiente

A Nossa Grande Casa

Um Poema Sobre a Terra
Vivemos todos aqui.
Pessoas, formigas, elefantes, árvores,
Lagartos, líquenes, tartarugas, abelhas.
Todos partilhamos a mesma grande casa.
Partilhamos a água.
Salpicamos, chapinhamos e nadamos na água.
E todos bebemos água.
Baleias, golfinhos, manatins,
Pinguins, palmeiras, tu e eu.
Todos partilhamos a água na Terra,
A nossa grande casa azul.
A chuva desliza pelo meu nariz
E escorre pelos dedos do meu pé.
A chuva limpa o mundo todo.
Rega florestas de árvores gigantes
Desperta a vida em sementes minúsculas.
Traz água fresca a ti e a mim.
Todos partilhamos a chuva na Terra,
A nossa casa verde a crescer.
À volta do mundo
O sol a todos aquece.
Girassóis, andorinhas, macieiras,
Raposas, fetos, tu e eu.
Aquece dedos e pés,
Aquece raízes e folhas.
Todos partilhamos o sol na Terra,
A nossa casa grande e quentinha.
Há monturo por todo o lado,
Na Terra, no nosso solo.
Solo onde as sementes aguardam
E as árvores nascem,
Onde as minhocas vivem e os coelhos escavam.
A Terra contém a vida
E o monturo que piso com prazer.
Todos partilhamos o solo na Terra,
A nossa grande casa viva.

E há ar por todo o lado,
Bem longe e bem perto.
Todos respiramos o ar da Terra.
Não é bom respirar?
Pessoas, lagartos, joaninhas,
Carvalhos, ervilhas, ervas daninhas.
Todos partilhamos o ar na Terra,
A nossa grande casa arejada.
O vento sibila e volteia,
Varre e rodopia.
Remexe a erva e abana as árvores.
Transporta chuva, espalha sementes.
Traz ar fresco e revolve cabelos de crianças.
Por todo o mundo.
O vento a todos toca na Terra,
A nossa grande casa rodopiante.
O céu é uma imagem nossa que muda lá em cima.
Gosto do céu. E tu?
Grandes extensões de azul,
Pinceladas de nuvens,
Borrões selvagens ao entardecer.
Onde quer que estejamos
Olhamos e vemos
Céu, céu, céu.
Aqui na Terra, a nossa grande casa
Debaixo do céu.
À noite, quando as estrelas brilham,
Na escuridão funda e profunda,
É o tempo de cair no sono,
Dos animais vaguearem
E das flores nocturnas desabrocharem.
Todos temos um tempo de escuridão
Aqui na Terra, a nossa casa
Debaixo do grande manto da noite.
E a nossa lua viaja pelo céu
Cor de pérola cremosa
Uma vela branca fininha.
Lua cheia, lua nova,
Dão corpo à nossa noite.
Todos partilhamos a lua
Aqui, ali, por todo o lado na Terra,
A nossa grande casa luminosa.
Quando me estico ou danço,
Salto ou rio,
Pulo no ar ou na relva me estendo,
Sinto-me vivo.
Todos sentimos a vida.
Árvores, rãs, abelhas, relva,
Aranhas, serpentes, minhocas, morcegos.
Todos partilhamos a vida na Terra,
A nossa casa grande e vivificante.
Partilhamos o ar, a água, o solo e céu,
O sol, a chuva e a vida.
E todos partilhamos o mesmo lar, aqui na Terra,
A nossa preciosa morada.


Linda Glaser; Elisa Kleven
Our Big Home – An Earth Poem
Minneapolis, Millbrook Press, 2000
(Tradução e adaptação)