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segunda-feira, 25 de junho de 2018

Um poema para começar o dia!


Morre lentamente 


Morre lentamente
Quem não viaja
Quem não lê
Quem não ouve música
Quem destrói o seu amor-próprio
Quem não se deixa ajudar... 

Morre lentamente
Quem se transforma escravo do hábito,
repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece. 

Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is" a um turbilhão de
emoções indomáveis,
justamente as que resgatam brilho nos olhos,
sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos. 

Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
quem não se permite, uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos. 

Morre lentamente
quem passa os dias queixando-se
da má sorte ou da chuva incessante,
desistindo de um projecto antes de o iniciar,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o
simples acto de respirar...
Estejamos vivos, então! 


Pablo Neruda