Bem-vindo ao Blogue das Bibliotecas Escolares do agrupamento da Maia!

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Uma reflexão por dia... o bem que te fazia!


É um poema... apenas!

Letra para um hino

É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

É possível andar sem olhar para o chão
Manuel Alegre
é possível viver sem que seja de rastos. Os teus olhos nasceram para olhar os astros se te apetece dizer não grita comigo: não. É possível viver de outro modo. É possível transformares em arma a tua mão. É possível o amor. É possível o pão. É possível viver de pé. Não te deixes murchar. Não deixes que te domem. É possível viver sem fingir que se vive. É possível ser homem. É possível ser livre livre livre.

Manuel Alegre

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Uma reflexão por dia... o bem que te fazia!

Diversidade/Tolerância

É um poema... apenas!

Graça Pires
Biografia e bibliografia AQUI!

Em cima dos rochedos aprendi a observar
as migrações dos pássaros, a descobrir
pelas estrelas a direcção dos navios
e a entender os gritos das mulheres
caminhando loucas pela praia
quando pressentem a traição do mar.
As nuvens concentram-se no horizonte
como lágrimas em relevo
engrossadas pelo relento.
Dói-me nas mãos uma crueza
semelhante a uma emboscada.

Graça Pires
"Espaço livre com barcos", 2014

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

É um poema... apenas!

Manhã
Miguel Torga


Fresca manhã da vida, recomeço
Doutros orvalhos onde o sol se molha.
Nova canção de amor e novo preço
Do ridente triunfo que nos olha.

Larga e límpida luz donde se vê
Tudo o que não dormiu e germinou;
Tudo o que até de noite luta e crê
Na força eterna que o semeou.

Um aceno de paz em cada flor;
Um convite de guerra em cada espinho;
E os louros do perfeito vencedor
À espera de quem passa no caminho.

Miguel Torga, Libertação, 1944.

Uma reflexão por dia... o bem que te fazia!



Na Biblioteca com...


domingo, 28 de outubro de 2018

É um poema... apenas!

SENHOR
Sophia de Mello Breyner Andresen


Senhor sempre te adiei
Embora soubesse que me vias
Quis ver o mundo em si e não em ti
E embora nunca te negasse te apartei.

Sophia de Mello Breyner Andresen
in "Obra Poética III"
Caminho

Uma reflexão por dia... o bem que te fazia!


Dos nossos medos nascem as nossas coragens, e em nossas dúvidas, vivem as nossas certezas.
Os sonhos anunciam outra realidade possível, e os delírios outra razão.
Nos descaminhos esperam-nos surpresas, porque é preciso perder-se para voltar a encontrar-se.

Eduardo Galeano

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Outono - muda a estação do ano, mudam as cores e os sabores!





Esta é a atividade que está a decorrer nas escolas EB 2,3 e EB1, nº1, de Gueifães.

PARTICIPA! Contamos contigo!

No outono trocam-se as cores vivas por tons terra e pastel, o dia põe-se mais cedo, a vontade de chegar a casa cresce, os doces querem-se agora quentes, aconchegantes, com gosto a canela e a cravinho.


É outono, e sabe tão bem!

Açúcar, canela e os sabores da época

Maçãs, peras, figos e nozes, são alguns dos sabores do outono que inspirarão as tuas receitas.

Depois basta juntar imaginação, açúcar e uma pitada de canela para criar os momentos mais doces e deliciosos desta estação.

São dois minutos de inspiração e criatividade até poderes reunir os ingredientes e reproduzires todos os passos de receitas, saudáveis, que vais partilhar no painel das BE e no Blogue paginaseodisseiasblogspot.com.

É um poema... apenas!

Herberto Helder

Enquanto o amor é cada vez mais forte.
O amor leve.
O amor feroz.
E as mães são cada vez mais belas.
são as mais altas coisas
que os filhos criam
Por dentro do amor.

Herberto Helder

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

É um poema... apenas!

O guarda-redes míope
 

Disseram-me: fica aqui 
E guarda a linha branca atrás de ti 
Defende-a de qualquer maneira 
Mas com unhas e com dentes. 

Como se fosse a porta da tua casa. 
Como se disso dependesse a tua vida 
E a sorte da escola inteira. 
Sou míope, não vejo a bola, Não distingo as cores, 
Gritei muito alto. 
Ninguém ouviu. 

A bola já rolava e a terra tremeu 
Sob os pés dos jogadores. 
Os da minha equipa perseguiam a bola que os perseguia a eles. 
Os outros perseguiam os da minha equipa que perseguiam a bola que os perseguia a eles. 

Era tudo perto, mas ao longe. 
O pior era a bola, que chegava de repente, vinda de lado nenhum, à procura da baliza. 
A malta volta a gritar e a terra volta a tremer sob os pés dos jogadores. 
De repente todos gritam: Golo! Golo! Golo! 
Estremeci, abri e olhos, procurei a bola e não a vi. 
Foi nosso o último lugar do campeonato escolar. 

Os meus colegas de equipa 
Deixaram de me falar. 
Os outros ainda me chamam burro toupeira, camelo, rato. 
Pai de um porco. 
Filho de um sapo. 
Deram-me uns óculos de lata e uma batata. 

Nunca mais guardei nada de ninguém. 
Nunca mais joguei à bola. 
Agora vejo os jogos na bancada, 
Sozinho, sem ninguém à volta, 
E imagino-me o guarda-redes da escola. 

O limpa-palavras e outros poemas, de Álvaro Magalhães

Uma reflexão por dia... o bem que te fazia!

A porta da verdade!!!

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Uma reflexão por dia... o bem que te fazia!


MIBE 2018 - Mensagem da Coordenadora da RBE


Outubro, mês dedicado às bibliotecas escolares incentiva-nos ao reforço desta REDE e à reflexão sobre o lugar da biblioteca naquele que é o processo de formação da criança e do jovem.
Suportados no valor do saber e da aprendizagem procuramos conciliar respostas ajustadas aos desafios mais gerais da educação, perseguindo os nossos propósitos de sempre: atender aos diferentes perfis dos nossos alunos com respostas adequadas às suas necessidades individuais.
Colaboração, inovação, inclusão, … algumas das marcas que têm acompanhado o desenvolvimento da RBE e que vão ao encontro das medidas educativas ministeriais preconizadas para este ano. Para as bibliotecas escolares é a oportunidade de reforçar a sua intervenção, participando ativamente neste desígnio e estreitando o trabalho colaborativo entre a biblioteca e os docentes das diferentes áreas curriculares, contribuindo para a flexibilidade das aprendizagens. 
Igualmente, a multiplicidade de saberes e competências e o carácter mais humanista da formação do aluno, previsto no Perfil dos alunos no final da escolaridade obrigatória têm, na biblioteca, um suporte e um apoio indispensáveis.
A relação privilegiada, de proximidade, que desenvolvemos nesta REDE, permitirá continuarmos a encontrar as melhores respostas aos múltiplos desafios que, permanentemente, nos confrontam. (...)
LER MAIS AQUI!

Votos de bom trabalho!
Manuela Pargana Silva


segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Dia da Biblioteca Escolar - 22 de outubro de 2018







Para assinalar o Dia da Biblioteca Escolar, a BE da EB 2,3 de Gueifães, oferece a todos os alunos que a frequentarem, um passaporte para a leitura e um "docinho".  
Trata-se, apenas, de um reconhecimento simbólico da BE pelos seus utilizadores - Leitores!

É um poema... apenas! Dia da Biblioteca Escolar

22 de outubro - Dia da Biblioteca Escolar

Na biblioteca


O que não pode ser dito
guarda um silêncio feito
de primeiras palavras
diante do poema, que chega sempre demasiado tarde,

quando já a incerteza
e o medo se consomem
em metros alexandrinos.
Na biblioteca, em cada livro,

em cada página sobre si
recolhida, às horas mortas em que
a casa se recolheu também
virada para o lado de dentro,

as palavras dormem talvez,
sílaba a sílaba,
o sono cego que dormiram as coisas
antes da chegada dos deuses.

Aí, onde não alcançam nem o poeta
nem a leitura,
o poema está só.
E, incapaz de suportar sozinho a vida, canta.

Manuel António Pina in "Poesia, Saudade da Prosa: uma antologia pessoal"

domingo, 21 de outubro de 2018

Uma reflexão por dia... o bem que te fazia!


Livros para escutar!

Ouve AQUI!

O conto que deu título ao livro Histórias às Cores foi lido no estúdio do PÚBLICO por António Mota. Mais um Livro para Escutar do Letra Pequena.

Nesta história fala-se de uma menina que foi convidada para ir à festa de anos do Ricardo. “Ela gostava muito do Ricardo, queria ir muito bonita.” Mas as amigas não concordaram com a cor da roupa que Maria Inês queria usar: azul. Afinal, as cores também se discutem.

História às cores é um dos oito textos que compõem o livro, editado pela Gailivro. Todos foram ilustrados por Paulo Galindro, que nas guardas contou com a colaboração e talento do seu filho, ainda criança, João Galindro. Imagens coloridas e com várias técnicas prendem a atenção dos pequenos leitores, convidando-os também a desenhar.



É um poema... apenas!

No fim do verão
No fim do verão as crianças voltam...


No fim do verão as crianças voltam,
correm no molhe, correm no vento.
Tive medo que não voltassem.
Porque as crianças às vezes não
regressam. Não se sabe porquê 
mas também elas
morrem.
Elas, frutos solares:
laranjas romãs
dióspiros. Sumarentas
no outono. A que vive dentro de mim
também voltou; continua a correr
nos meus dias. Sinto os seus olhos
rirem; seus olhos
pequenos brilhar como pregos
cromados. Sinto os seus dedos
cantar com a chuva.
A criança voltou. Corre no vento.

Eugénio de Andrade, in 'O Sal da Língua'

sábado, 20 de outubro de 2018

Livros para escutar!





Os Heróis da Fruta tem um plano infalível para celebrar a noite mais assustadora do ano, sem doces: um acampamento noturno na biblioteca da escola. Neste conto pedagógico, além do incentivo para as escolhas alimentares mais saudáveis, as crianças recordam a importância de escovar os seus dentes depois das refeições e sempre antes de ir dormir!

Um agradecimento especial à nossa querida embaixadora e atriz Carla Andrino e ao maestro Mário Rui Teixeira pela magnífica direção artística e técnica na gravação deste audio-conto! Obrigado também: Rita Loureiro, Jorge Padeiro e Mário Silva, pelas vossas interpretações.

Uma reflexão por dia... o bem que te fazia!

Tentar até conseguir!

É um poema... apenas!

O Pássaro da Alma


No fundo, bem lá no fundo do corpo, mora a alma.
Ainda não houve quem a visse,
mas todos sabem que existe.
E não só sabem que existe,
como também sabem o que lá tem dentro.
Dentro da alma, lá bem no centro,
pousado numa pata, está um pássaro.
E o nome desse pássaro é o Pássaro da Alma.
E ele sente tudo o que nós sentimos :
Quando alguém nos magoa,
o pássaro da alma agita-se para lá e para cá
em todos os sentidos dentro do nosso corpo, sofre muito.
Quando alguém nos ama,
o pássaro da alma dá pulinhos de contente,
para trás e para a frente, vai e vem.
Quando alguém nos chama,
o pássaro da alma põe-se logo à escuta da voz
a fim de reconhecer que tipo de apelo é.
Quando alguém se zanga connosco,
o pássaro da alma recolhe-se
dentro de si, tristonho e silencioso.
E quando alguém nos abraça, o pássaro da alma
que mora no fundo, bem lá no fundo do nosso corpo,
começa a crescer, crescer,
até encher quase todo o espaço dentro de nós,
tão bom para ele é o abraço.
Dentro do corpo, no fundo, bem lá no fundo, mora a alma.
Ainda não houve quem a visse,
mas todos sabem que ela existe.
E ainda nunca, nunca veio ao mundo alguém
que não tivesse alma.
Porque a alma entra dentro de nós no momento em que nascemos
e não nos larga
- Nem uma só vez –
até o fim da vida.
Como o ar que o homem respira
desde a hora em que nasce até à hora em que morre.
Decerto querem também saber de que é feito o pássaro da alma.
Ah, isso é mesmo muito fácil:
É feito de gavetas e mais gavetas.
Mas não podemos abrir as gavetas de qualquer maneira,
pois cada uma delas tem uma chave para ela só!
E o pássaro da alma
é o único capaz de abrir as gavetas dele.
Como ?
Pois isso também é muito simples:
Com a segunda pata.
O pássaro da alma está pousado numa pata,
e com a outra – que em descanso está dobrada sob a barriga –
roda a chave da gaveta que quer abrir,
puxa pelo puxador, e tudo o que está dentro dela
sai em liberdade para dentro do corpo.
E como tudo o que sentimos tem uma gaveta,
o pássaro da alma tem imensas gavetas.
A gaveta da alegria e a gaveta da tristeza.
A gaveta da inveja e a gaveta da esperança.
A gaveta da desilusão e a gaveta do desespero.
A gaveta da paciência e a gaveta do desassossego.
E mais a gaveta do ódio, a gaveta da cólera e a gaveta do mimo.
A gaveta da preguiça e a gaveta do vazio.
E a gaveta dos segredos mais escondidos,
uma gaveta que quase nunca abrimos.
E há mais gavetas.
Vocês podem juntar todas as que quiserem.
Às vezes uma pessoa pode escolher e indicar ao pássaro
as chaves a rodar e as gavetas a abrir.
E outras vezes é o pássaro quem decide.
Por exemplo: a pessoa quer estar calada e diz ao pássaro para abrir
a gaveta do silêncio. Mas ele, por auto-recriação,
Abre-lhe a gaveta da fala,
E ela desata a falar, a falar sem querer.
Outro exemplo: a pessoa quer escutar pacientemente
- e em vez disso ele abre-lhe a gaveta do desassossego
que faz com que ela se enerve.
E acontece que a pessoa tenha ciúmes sem qualquer motivo.
E que estrague justamente quando mais quer ajudar.
Porque o pássaro da alma nem sempre é disciplinado
e às vezes dá-lhe trabalhos...
Agora já compreendemos que cada homem
é diferente do seu semelhante
por causa do pássaro da alma que tem dentro de si.
O pássaro que em certas manhãs abre a gaveta da alegria,
e a alegria jorra para dentro do corpo e o dono dele fica feliz.
E quando o pássaro lhe abre a gaveta da raiva,
a raiva escorre de dentro dela e domina-o totalmente.
Até que o pássaro volte a fechar a gaveta
ele não pára de se zangar.
E quando o pássaro está de mau humor
abre gavetas que dão mal-estar.
E quando o pássaro está de bom humor
escolhe gavetas que fazem bem.
E o mais importante – é escutar logo o pássaro.
Pois acontece o pássaro da alma chamar por nós, e nós não o ouvirmos.
É pena. Ele quer falar-nos de nós próprios.
Quer falar-nos dos sentimentos que estão encerrados nas gavetas dentro de nós.
Há quem o ouça muitas vezes.
Há quem o ouça raras vezes,
E há quem o ouça
Uma única vez na vida.
Por isso vale a pena
talvez tarde pela noite, quando o silêncio nos rodeia,
escutar o pássaro da alma que mora dentro de nós,
no fundo, lá bem no fundo do corpo. "

Pássaro da Alma
Michal Snunit

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Livros para escutar!

Letra Pequena - A Surpresa de Handa

Uma reflexão por dia... o bem que te fazia!



"É possível que só as árvores tenham raízes, mas o poeta sempre se alimentou de utopias. 

Deixe-me pois pensar que o homem ainda tem possibilidades de se tornar humano."

Eugénio de Andrade

É um poema... apenas!


                     Se fores capaz
    Se fores capaz

Se fores capaz de manter a tua calma quando  
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,  
E para esses no entanto achar uma desculpa; 
Se fores capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se fores capaz de pensar -- sem que a isso só te atires,
De sonhar -- sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores; 
Se fores capaz de sofrer a dor de ver mudadas 
Em armadilhas as verdades que disseste, 
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se fores capaz de arriscar numa única parada 
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida, 
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, 
Resignado, tornar ao ponto de partida; 
De forçar coração, nervos, músculos, tudo 
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo,
Resta a vontade em ti que ainda ordena:
"Persiste!";

Se fores capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se fores capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais --
tu serás um homem!

 Rudyard Kipling Joseph (1865-1936)- Prémio Nobel da Literatura em 1907

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

É um poema... apenas!


Hoje celebramos o dia de aniversário de António Ramos Rosa (17-10-1924), onde quer que esteja a sua "presença" e a sua palavra estarão sempre entre nós!

Este homem que pensou
António Ramos Rosa
Este homem que pensou
com uma pedra na mão
transformá-la num pão
transformá-la num beijo
Este homem que parou
no meio da sua vida
e se sentiu mais leve
que a sua própria sombra.
António Ramos Rosa

Livros para escutar!


Ouve aqui!

As autoras de Poemas para as Quatro Estações (ed. Máquina de Voar) emprestaram-nos a voz e ajudaram-nos a dar as boas-vindas à Primavera. Mas as outras estações não foram desprezadas. Houve dois poemas para o Verão, para o Outono e para o Inverno. 


É um poema... apenas!

Uma reflexão por dia... o bem que te fazia!


É um poema... apenas!


Perfume da Infância
Perfume de infância

Os bichos, os brinquedos,
os perfumes, os medos,
os lugares da infância,
os vizinhos, os pais,
são quadros à distância
que não se esquecem mais.

O baú no sobrado,
brincar no balancé,
um “papão” no telhado,
conversa à chaminé…

A voz de minha mãe,
copos a tilintar
e logo atrás me vem
o cheiro do jantar,
a mesa da cozinha,
os bagos da romã,
uvas pretas da vinha,
perfume de maçã.

O fogo da lareira,
madeira no Natal,
os figos da figueira,
o poço do quintal,
o testo, a pá, o tarro,
infusas no poial,
os púcaros de barro,
o potinho da cal.

O gato pachorrento,
as tontas das galinhas,
o tanque de cimento,
os ninhos de andorinhas.

A coberta de linho
a revestir a mala,
a cómoda de pinho,
o relógio da sala.

Serões à luz da lua,
os contos, adivinhas,
os barulhos da rua,
conversas de vizinhas.

Cada cena da vida da criança que fomos
É riqueza investida no adulto que somos…

Marina Aguilar, in “Poetas de hoje e de ontem”


terça-feira, 16 de outubro de 2018

As canções da minha escola!


É um poema... apenas!

Folhas de Outono



Folhas secas, já cansadas,
descem da copa das plantas.
Tecem tapetes de fadas,
modelam compridas mantas.
Essas folhas já sem vida
vão enfeitando a paisagem,
deixando na despedida
só caminhos de romagem.
Gritam hinos à memória
de um Verão abrasador.
Morreram para dar glória
à vida que há-de dar flor.
E quando Março chegar,
trazendo a força da vida,
de novo se há-de cantar
à Primavera florida.

Mário Catarino

Uma reflexão por dia... o bem que te fazia!

"Não faz mal..."

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

É um poema... apenas!


Por muito tempo achei que
a ausência é falta.
E lastimava ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada,
Aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento
exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

MIBE 2018 • Eu ♥ biblioteca escolar




A partir do tema definido pela International Association of School Librarianship (IASL) para o International School Library Month (ISLM) em 2018, "Why I love my school library", a RBE procurou uma formulação que melhor traduzisse para a língua portuguesa a ideia transmitida, optando-se por uma linguagem híbrida em que todas as gerações se reveem: “Eu ♥ biblioteca escolar”.

Como habitualmente, o Dia Internacional da Biblioteca Escolar será assinalado na quarta segunda-feira de outubro, dia 22.

Para além das propostas da IASL disponíveis aqui, a Rede de Bibliotecas Escolares lança o habitual desafio, para assinalar o Mês Internacional da Biblioteca Escolar (MIBE) e celebrar a importância das bibliotecas e de tudo o que têm de bom.

Uma reflexão por dia... o bem que te fazia!



Beco sem saída ou lugar para dar a volta?


quarta-feira, 10 de outubro de 2018

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

BIBLIOTECAS e LEITURA!


Dia do Professor

Ser professor,

Se não houvesse espelhar de olhos no primeiro dia de aulas, ser professor não seria um sonho.

Se um fio de beleza não pudesse soltar-se daqueles dedos, daquelas vozes cantoras, daqueles corpos em movimento, ser professor não seria um sonho.

Se nunca um verso ganhasse asas no fresco dos seus lábios, ser professor não seria um sonho.

Se um livro, uma pintura, um ambiente virtual ou um filme não abrissem uma porta até então fechada, ser professor não seria um sonho.

Se o tédio não pudesse emagrecer, ser professor não seria um sonho.

Se o saber não construísse pessoas melhores, ser professor não seria um sonho.

Se Arte e Jogo, Língua e Ciência não pudessem ser nomes próprios, nobres palavras, ser professor não seria um sonho.

Se um certo olhar não sorrisse ao conseguir ler pela primeira vez uma frase, fazer uma descoberta, resolver um problema, ser professor não seria um sonho.

Se um rosto não se iluminasse ao ouvir “muito bem!”, “está bem visto!”, “um passe perfeito!”, ser professor não seria um sonho.

Se uma mão negra e outra branca e outra morena não pudessem tocar-se, ser professor não seria um sonho.

Se várias cabeças não conseguissem pensar melhor do que uma, ser professor não seria um sonho.

Se o silêncio e o asseio, a sobriedade e a ordem não pudessem ser aprendidos, ser professor não seria um sonho.

Se o medo e a violência, a solidão e a pobreza não pudessem ser combatidos, ser professor não seria um sonho.

Se justiça e democracia, fraternidade e autoridade não pudessem ser aprendidas, ser professor não seria um sonho.


Se na escola não pudesse germinar a paz e a entreajuda, em vez da competição, ser professor não seria um sonho.

Se a escola não ajudasse a reordenar o mundo, ser professor não seria um sonho.

Se a inteligência não pudesse guiar o sonho, se este não pudesse guiar a inteligência, ser professor não seria um sonho.

Quando nas lides te iniciaste, ser professor tinha a forma de um sonho? Se não tinha, o tempo deu-lhe essa forma. Para muitos, ser professor é tornar real um sonho. O de ajudar a crescer, a fazer do mundo um lugar melhor para se viver.

E não há ofensas, nem indignidades – provindas de efémeros poderes –, nem rankings, nem propagandas capazes de matar esse sonho.

Nem distâncias, nem sacrifícios, nem desassossego, nem noites em claro…

Sem vozes de crianças e jovens à tua volta, sem humana relação, ser professor não seria um sonho.


João Pedro Mésseder, no Dia do Professor 2018

Concurso Nacional de Leitura - 13ª Edição


A 13.ª Edição do Concurso Nacional de Leitura (CNL) decorre entre o dia 3 de outubro de 2018, data oficial de abertura, e o dia 25 de maio de 2019, dia da grande final, em Braga.

O objetivo central do Concurso Nacional de Leitura é estimular o gosto e os hábitos de leitura e melhorar a compreensão leitora.

Como em edições anteriores, o PNL2027, com o propósito de dar a esta celebração da leitura e da escrita um caráter mais universal e significativo, articula-se com a Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), com a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), com o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua (Camões, IP), com a Direção-Geral de Administração Escolar/Direção de Serviços de Ensino e das Escolas Portuguesas no Estrangeiro (DGAE/DSEEPE) e com a Rádio Televisão Portuguesa (RTP), responsável pela cobertura televisiva do evento.

Podem participar os alunos dos 1.º,2.º, 3.º ciclos do ensino básico e alunos do ensino secundário.

Contamos com a vossa participação nesta iniciativa de valorização da leitura nas diferentes latitudes deste GRANDE PLANETA.


Cumprimentos,
Teresa Calçada

(Comissária do Plano Nacional de Leitura 2027)