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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Sophia passou por aqui!

Comemorações do centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Andresen(1919-2019)

Com a atividade "Sophia passou por aqui", a EB 2,3 de Gueifães, pretende evocar a figura única e especial de uma "autêntica princesa da literatura portuguesa"


Há 20 anos, quando Sophia completou 80 anos!
Oitenta rosas para Sophia
Por Alexandra Lucas Coelho, PÚBLICO, 06 de Novembro, 1999

Sophia é uma forma absoluta de estar no mundo à espera das coisas belas. Cresceu entre rosas nocturnas e manhãs de mar. Escreveu desde o princípio. Lutou com a palavra, quando foi preciso. Não teve medo. Continuamos a aprender com ela. Faz hoje 80 anos.

As rosas


Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das Primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas.

Sophia de Mello Breyner Andresen
"Dia do Mar" (1º ed. Ática 1947, incluído no vol. I da "Obra Poética", ed. Caminho)


Era mesmo assim, como no primeiro verso deste poema: noite escura, a jovem Sophia saía para o jardim da avó, semi-abandonado, colhia braçadas de rosas e trazia-as para casa. Punha-as numa jarra, frente à janela do seu quarto. E, enquanto escrevia, desfolhava-as e trincava-as. Não é preciso perguntar porquê: o poema diz. 

O que apetece hoje, dia em que Sophia de Mello Breyner Andresen faz 80 anos, é levar-lhe uma braçada de rosas para ela pôr junto à sua janela, com vista para o jardim que Gonçalo Ribeiro Telles desenhou, e para o rio. Na casa da Travessa das Mónicas, em Lisboa, de que Sophia tanto gosta e onde vive praticamente desde que deixou o Porto e veio para Lisboa. 

Foi precisamente no Porto que nasceu, na Quinta do Campo Alegre, numa casa grande, sempre cheia de irmãos - João Henrique, Thomaz e Gustavo - , de primos - entre eles, Ruben A. -, de tios, de avós, rodeada de um parque enorme, tão grande que se podia caçar (...)