Aquando da sua visita, ao 1º ciclo e
pré- escolar de Gueifães, no âmbito da comemoração do Mês da BE, José
Vaz confidenciou-nos que um escritor tem ideias e depois tem de as vestir com
palavras. Cada história dá muito trabalho porque tem de ser a história que mais
ninguém inventou.
Ele inspira-se na vida, no que o
rodeia. Por exemplo “O livro das contas e dos contos” é metade inventado e a
outra metade é verdadeira. Conheceu um homem bom, que faleceu há quatro meses,
com quase 90 anos, e inspirou-se na sua vida. O Sr. Tomás é ele mesmo porque
pensa assim.
José Vaz explicou que na nossa cabeça
temos muitas máquinas, mas a de recriar o mundo chama-se imaginação. Ela
trabalha muito silenciosamente. Se trabalhar mal faz muito barulho.
O mundo dos contos, da imaginação é
onde se sente bem. Escreve para ser feliz. É uma forma de se sentir bem consigo
próprio, de existir. Não sabe como começou, mas foi bastante tarde, aos 40
anos. Tem a impressão que foi por ouvir falar muito das crianças, em 1979, Ano
Internacional da Criança.
As primeiras obras que publicou foram
para teatro e hoje conta com 34 livros publicados. Todos magrinhos como ele,
apenas um livro é barrigudo (tem 800 páginas).
O escritor fala com os leitores no
silêncio das nossas cabeças.
Não sabe quanto tempo demora a
escrever uma história, começa e sente que acabou. Houve uma que escreveu, parou
e recomeçou passados 10 anos.
O livro é como um pássaro… vai voar
um voo muito grande até aos olhos dos leitores.
Os livros são como os filhos podem
ser diferentes, mas os pais gostam de todos. Os que têm êxito são mais
lembrados. O prémio literário alegrou-o muito, porque em 87 concorrentes foi
ele o escolhido “…e, ficamos sempre deslumbrados quando
isso acontece”.
Se não fosse escritor gostaria de ter
sido professor do 1º ciclo. Por isso é que vem de vez em quando às escolas,
porque é uma espécie de compensação com retroativos.
Num conselho final referiu que ler
é muito importante. Os alunos vão ter de ler muitos livros muito barrigudos
e quanto mais lerem, mais facilmente compreendem. Para serem bons
profissionais precisam de ter treino a ler. Os que gostam menos têm que ler,
pelo menos, um bocadinho por dia. Na leitura como no desporto tem de se
fazer um bocadinho de treino todos os dias.