Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra
Mariano, um jovem universitário, regressa à sua terra-natal, Luar-do-chão,
por motivos de falecimento de seu avô.
No entanto, quando lá chega, redescobre uma voz mística, sensacional e independente oriunda do interior da terra e que ele vai reaprendendo a escutar e a sentir.
Com efeito, Mariano encontra na ilha onde havia nascido anos antes um novo sentido para a sua vida.
À medida que isso se vai sucedendo, confronta-se ainda com a não-morte do seu avô
que, teimando em não falecer, permanece num estranho mais-que-coma.
Enquanto aguarda pelo funeral, recebe ainda visitações do outro lado do mundo, sob a forma de cartas que lhe devolvem uma espiritualidade e um modo de vida que ele já tinha perdido.
Um livro genial, profundamente poético e incisivo, através do qual somos transportados para uma zona de confrontos entre a maioria rural e uma elite urbana que vão medindo forças
no atual contexto moçambicano e que nos lembra, como só Mia Couto o sabe fazer, a importância da terra, da vida, das tradições e dos valores primordiais.
"O importante não é a casa onde moramos. Mas onde, em nós, a casa mora"
(dito mariano, personagem da obra "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, mia couto, caminho)
Texto: André Santos Oliveira