Das Palavras
Ao poeta cabe desvendar
as palavras,
largá-las para fora
como um vento;
ferir das relações humanas
os momentos de rigor;
e do humano viver
o sentimento intenso,
em poderosas mãos,
largá-lo
lá no fundo,
com palavras.
As mesmas que tropeçam
e cegas se retiram
e estanques balbuciam,
poli-las em metal incandescente,
engrossando o caudal
dum forte rio,
onde enfim, as palavras
transparentes
iluminem a noite
deste dia.
Rosa Lima, in "Alquimia das Palavras"