Migro, sem asas e sem canto,
Sem símbolos enigmáticos, só lembranças.
Estamos fartos do silêncio
Que nos examina facilmente.
Há sim algo de grave em nós,
Não se tem mais geração!
O mundo são dias que seguem normais,
Entre os muros, paredes e telhas,
Entre horas e minutos faceiros.
Migro, sem rumo certo,
Ouço, mas finjo não ouvir.
Nossos pensamentos não cabe mais em nós,
Da vida faceira, sorrisos emoldurados,
De um momento breve e passado,
De um amor que não cabe nos jarros,
Onde as flores morrem enfeitando ilusão.
Migro sem canto, rumo e coração!
Airton Souza
de 'O CAIR DAS HORAS'