LER+ não é proibido!
Proibido!
Era,
quase tudo, proibido.
Será
que nos lembramos de um país onde era necessário uma licença do Estado para
usar um isqueiro?
Será que nos lembramos de um país onde, uma mulher, para
viajar, precisava da autorização escrita do marido e as enfermeiras estavam
proibidas de casar?
Será que nos lembramos de um país onde era proibido usar biquíni, dar um beijo em público, usar
saias acima do joelho, dormitar num banco de jardim, beber Coca-Cola, uma
mulher entrar na igreja de cabeça descoberta, jogar às cartas nos comboios, o
divórcio, comprar/vender e ouvir certos discos de música, casar com uma
professora, realizar e ver determinados filmes, andar de bicicleta sem licença,
ajuntamentos de mais de três pessoas, uma mulher andar sozinha na rua, à noite…
e muitas, muitas outras proibições?
Imaginamo-nos
a viver num país onde era proibido ler alguns (muitos) LIVROS?
Editar, vender
ou comprar outros tantos?
Conseguimos pensar como é viver sem poder LER o que
nos apetece ou ouvir a música que queremos?
Em
tempos “que já lá vão”, a imprensa estava sujeita a um Exame Prévio, tudo passava pelo “lápis azul”, num atentado
permanente à liberdade de informação e ao direito de expressão.
Com
os livros, o assunto era um pouco diferente. Não estavam sujeitos a Exame Prévio. Editavam-se,
distribuíam-se e só depois eram lidos por censores que poderiam recomendar a
sua proibição e consequente apreensão e destruição dos exemplares já impressos,
recolhidos nas tipografias, editoras, distribuidoras e livrarias. Apenas, como
exemplo de uma das muitas obras censuradas, apontamos o caso “Nome de Guerra”,
de Almada Negreiros, cujo censor apelidou de Arte esquisita.
Assim, foi x (cortado)
por se tratar de um “Romance em estilo
próprio do autor, como o é a sua arte esquisita. Não é um livro recomendável”.
Muito
tempo depois, os preceitos “legais” da ditadura parecem-nos difíceis de
conceber. Mas ainda há poucos anos tudo isto era proibido em Portugal.
Hoje,
podemos apreciar e viver direitos conquistados, dos quais salientamos o direito
de expressão e a liberdade de leitura.
Esta
conquista, permite-nos ter acesso, editar, LER, escrever obras/textos antes
proibidos.
Hoje, parece-nos impossível que a liberdade não seja natural. Nem
pensamos nisso. Não pensamos no tempo em que não era “natural”.
Não pensamos no
tempo que levou a chegar. Não pensamos no que custou a conquistar.
No
acesso ao livro e à leitura há portas que foram abertas. Não as deixemos
encerrar! Aproveitemos a oportunidade para desfrutar de livros/leituras, grande
parte disponível na Biblioteca Escolar, e que estão, apenas, à distância de um “eu quero ler”.
Estamos
a tempo de gozar o direito que temos. E de lutar por ele, para o conquistar.
LER+ NÃO É PROIBIDO!