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segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

A cada dia , o seu poema!

 O Sal da Terra

Eram o sal da terra, as abelhas,
no ar leve
e verde das tílias.
Iam e vinham ligeiras como se a fadiga
lhes fosse alheia: algumas
regressavam à colina
onde tecem a seda da sombra;
outras caem a prumo,
embriagadas com a violenta
fragrância das tímidas flores
quase apagadas.
Basta estar atento
à luz oblíqua para descobrir
como a perfeição é completa deste lado do mundo. Mas só eu agora
de olhos fechados sigo o seu rumor.

Eugénio de Andrade, em "Os Sulcos da Sede"