Comemorações do centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2019)
Com a atividade "Sophia passou por aqui", a EB 2,3 de Gueifães, pretende evocar a figura única e especial de uma "autêntica princesa da literatura portuguesa"
O mar único de Sophia
S
|
ophia de Mello Breyner Andresen, ou
simplesmente Sophia, como era universalmente referida em Portugal, fazia parte,
quando do seu muito recente falecimento, de uma espécie de grupo canónico,
indiscutido, clássico, dos grandes poetas portugueses vivos, em companhia de
Herberto Helder, de Eugénio de Andrade, de António Ramos Rosa, de Mário
Cesariny, talvez de muitos poucos outros. Mais velha deles todos, era ainda o
grande nome feminino da poesia portuguesa contemporânea. A sua obra,
relativamente curta, distingue-se fortemente da de todos os poetas citados, com
a excepção talvez da de Eugénio de Andrade, com quem mantinha similitudes. De
facto, a sua poesia, essencialmente dominada pelo poema curto, em nada se
aproxima dos grandes ciclos poéticos de seu amigo Herberto Helder, nem da
pletora quase grafomana de António Ramos Rosa, nem do apelo ao inconsciente de
Mário Cesariny. Essencial, clara, cristalina, tudo o que escreveu confirma uma
mundivisão ao mesmo tempo uma estética e uma ética, um desejo quase romântico
de fusão de vida e obra, que exemplarmente cumpriu.
Alexei Bueno, 2004