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terça-feira, 20 de outubro de 2020

CIRCUM-NAVEGAÇÃO - a primeira volta ao Mundo (1519-1522)

 

A primeira volta ao Mundo (1519-1522)

CRONOLOGIA DA VIAGEM MAGALHÃES / ELCANO


1519
10 de agosto – Os cinco navios da armada de Magalhães partem de Sevilha.
20 de setembro – Magalhães e a sua armada partem de Sanlúcar de Barrameda.
26 de setembro – Chegada a Tenerife.
2 de outubro – Partida de Tenerife
13 de dezembro – Chegada ao Rio de Janeiro.
27 de dezembro – Partida do Rio de Janeiro

1520
10 de janeiro – Chegada ao cabo de Santa Maria (Uruguai).
7 de fevereiro – Fim do reconhecimento do estuário do Rio da Prata.
31 de março – Chegada ao porto de San Julián
1 de abril – Rebelião de capitães castelhanos contra Fernão de Magalhães
3 de maio – A nau Santiago afunda-se.
24 de agosto – Partida do porto de São Julião.
26 de agosto – Entrada no rio de Santa Cruz.
18 de outubro – Saída do rio de Santa Cruz.
21 de outubro – Descoberta do cabo das Onze mil Virgens, que marca a entrada do Estreito de Magalhães, que este denominou então “Canal de Todos os Santos”.
8 de novembro – Rebelião na nau San Antonio e seu regresso a Espanha.
28 de novembro – Entrada no oceano Pacífico.
18 de dezembro – Começo da travessia do oceano Pacífico.

1521
13 de fevereiro – Passagem do Equador.
24 de janeiro- Descobrimento da ilha de São Paulo
4 de fevereiro – Descobrimento da ilha dos Tubarões.
6 de março – Descobrimento da ilha de Guam (Marianas).
9 de março – Partida de Guam
16 de março – Descobrimento do arquipélago das Filipinas, que Fernão de Magalhães denominou de São Lázaro.
7 de abril – Chegada à ilha de Cebu.
27 de abril – Fernão de Magalhães é morto em combate na ilha de Mactan.
1 de maio – Em Cebu são assassinados ou desaparecem vinte e seis tripulantes durante a preparação de um banquete.
2 de maio – A nau Concepción é abandonada por falta de tripulantes e incendiada de seguida.
6 de maio – A nau Santo Antonio chega a Sevilha.
16 de setembro – Juan Sebastián Elcano é nomeado capitão da Victoria.
8 de novembro – Chegada das naus Victoria e Trinidad a Tidore.
21 de dezembro – A Victoria deixa Tidore.

1522
25 de janeiro – A Victoria chega a Timor.
8 de fevereiro – A Victoria deixa Timor.
6 de abril – A Trinidad parte de Tidore para Norte, com o objetivo de atravessar o oceano Pacífico, o que não consegue, sendo obrigada a regressar às Molucas a 24 de outubro de 1522.
19 de maio – A Victoria passa o cabo da Boa Esperança
9 de julho – A Victoria chega à ilha de Santiago (Cabo Verde).
14 de julho – Na ilha de Santiago

Estrutura de Missão do V Centenário da Primeira Viagem de Circum-Navegação

Introdução
A herança cultural da viagem liderada por Fernão de Magalhães e concluída por Sebastian Elcano a sua relevância no plano patrimonial mantêm-se até aos dias de hoje. A universalidade deste marco histórico persiste e renova-se continuamente: Fernão de Magalhães, que em tempos deu nome a diversos locais à volta do globo, dá hoje nome a duas galáxias próximas da Via Láctea e à sonda espacial enviada para a órbita do planeta Vénus.
Pioneiro e construtor do mundo global que hoje conhecemos e vivemos, recordá-lo e revisitar a sua ação, a par da responsabilidade histórica e cultural que representa, constitui uma oportunidade de reflexão alargada sobre a atualidade, as causas e efeitos das alterações climáticas que desde então mudaram o mundo, as enormes assimetrias que caracterizam a atual globalização da economia e dos mercados, a acentuada desigualdade e os diversos contextos de exclusão social e cultural no plano mundial.
A celebração do feito Magalhães/Elcano e da circum-navegação é também o reconhecimento e a valorização da Ciência, da curiosidade científica e do Conhecimento, assumindo hoje, como há cinco séculos, a sua presença e indispensabilidade para uma sociedade com maior bem-estar e um mundo mais justo e sustentável.
Atento à importância ímpar desta efeméride e consciente da oportunidade que ela representa, o Governo, através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 24/2017, de 26 de janeiro, decidiu criar uma estrutura temporária de projeto, designada por Estrutura de Missão para as Comemorações do V Centenário da circum-navegação comandada pelo navegador português Fernão de Magalhães (2019-2022), com o desígnio de organizar as comemorações dos 500 anos da primeira volta ao mundo, em articulação com as instituições de ensino superior e instituições científicas, autarquias locais e demais entidades públicas e privadas.

O enquadramento
A realização da Primeira viagem de Circum-Navegação é o culminar de um dos mais importantes capítulos da História da civilização humana, “A Era dos Descobrimentos “, alterando para sempre as ideias que o mundo ocidental tinha sobre o cosmos e a geografia, demonstrando, através da existência de um estreito de circulação entre o Atlântico e o Pacífico, a intercomunicabilidade dos oceanos.
A Viagem de Circum-navegação representa de forma real e simbólica a primeira “visão” integral (global) do mundo. Singularidade que se manifesta desde um ponto de vista geográfico, cultural, científico, socioeconómico, em síntese, uma singularidade histórica que constituí uma verdadeira oportunidade para ser projetada no século XXI.
Assim, desenhou-se uma matriz de programa de comemorações que se pretende evolutivo e amplamente participado, contribuindo desta forma para a capilaridade territorial do projeto e para o envolvimento de toda a sociedade.

Eixos estratégicos
Esta efeméride surge como uma oportunidade de promover o conhecimento sobre Fernão de Magalhães e as caraterísticas inovadoras da sua missão, a concretizar através de iniciativas próprias envolvendo todo o território nacional, em estreita articulação com entidades locais, escolas, autarquias, e entidades supramunicipais ou regionais. Os objetivos delineados, a decorrer de 2019-2022, foram organizados em quatro eixos estratégicos, de forma a celebrar a primeira circum-navegação, de forma participada e aberta.

EIXO 1
CONHECIMENTO
Portugal possui hoje uma herança cultural e um património científico e tecnológico singular e diverso, um legado vasto e de incalculável valor ao nível do património natural e de inquestionável relevância em termos de cultura, ciência e tecnologia que, em boa medida, se encontra acessível ao público. Constituído ou reunido em coleções, bibliotecas, arquivos, museus, galerias, jardins botânicos, parques e áreas protegidas, centros de ciência, entre tantas outras dimensões – a que se associam, de igual forma, espaços de educação, aprendizagem, cultura e lazer – materializa um espólio material e imaterial que documenta e ilustra a história da ciência, da tecnologia e da inovação no nosso país, carecendo ainda, e no entanto, de identificação estruturada, do reconhecimento devido e da valorização necessária.
Torna-se, por isso, pertinente e imperativa a identificação, a organização, a valorização, a partilha e a reutilização do património natural, científico, tecnológico e cultural associado à viagem de circum-navegação em torno de iniciativas e projetos que promovam a valorização e a democratização do acesso ao conhecimento e ao legado cultural e científico-tecnológico de Portugal, no quadro das comemorações. As possibilidades ampliadas e proporcionadas pela era digital impõem, contudo, um maior cuidado na preservação deste tipo de conteúdos, uma vez que os recursos de informação e de expressão criativa são hoje concebidos, distribuídos, acedidos e mantidos em formato digital, originando um novo tipo de legado, o património digital, que o presente programa de comemorações se propõe preservar, divulgar e responsabilizar.
Paralelamente, e articulando neste eixo os projetos e as iniciativas que visam estimular, potenciar e promover a partilha e a apropriação social e económica do Conhecimento integrados em 3 grandes linhas programáticas, pretendem-se reforçadas e aprofundadas as interações e os instrumentos de diplomacia científica e cultural entre as instituições de conhecimento com os países que integram a rota de circum-navegação nos vários domínios, que vão desde a mobilidade académica e científica à valorização da diáspora portuguesa, reforçando redes e comunidades, bem como as parcerias tecnológicas nos diversos planos e contextos: o mar e o ambiente, as indústrias culturais e criativas, a língua e a cultura, a investigação científica e a inovação tecnológica, entre outros.

EIXO 2
ECONOMIA
É inequívoco que uma parte significativa das motivações que impeliram os portugueses para a grande aventura marítima se consubstanciou na procura de novas formas de acesso a bens, produtos e mercados, a novas alternativas que permitissem um reposicionamento de Portugal no plano internacional, há mais de 500 anos. A partir desse momento, e com a troca de bens, a criação de mercados e o estabelecimento de novas rotas e fluxos comerciais, aproximaram-se povos e culturas e Portugal reposicionou-se na Europa, posicionando-se primeiro no mundo.
Se o contributo da circum-navegação para o processo de globalização é inegável, a sua celebração deve hoje evocar também o caráter empreendedor e inovador associado à Viagem e à sua dimensão económica, promovendo o aprofundamento das redes e das dinâmicas de trocas e a valorização dos recursos internos de Portugal e dos países integrantes da rota, privilegiando nesse contexto o caráter de inovação das iniciativas das empresas e das ideias dos empreendedores e demais atores sociais. Este segundo eixo programático reserva-se por isso à economia e à internacionalização, pois são essas as grandes forças da globalização que aproxima e enriquece povos e culturas, da mesma forma que objetiva a inovação e o desenvolvimento sustentável ao promover iniciativas empreendedoras ancoradas nas mais-valias dos territórios e das comunidades magalhânicas.
Por outro lado, é também prioritária a articulação das iniciativas propostas no plano económico para as Comemorações com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, uma vez que os princípios norteadores dessa visão decorrem, em última análise, dos ideais de solidariedade, desenvolvimento, sustentabilidade e prosperidade, valores basilares da Comemoração da Circum-navegação e das suas dimensões humanas e ambientais que se pretende evocar e celebrar cinco séculos depois. Essa aposta continuada, integrada e em cooperação acabará por contribuir de forma irrevogável para o reposicionamento sustentado e estratégico de Portugal e dos portugueses no mundo, ao incentivar a internacionalização de ideias, negócios e empresas, através de iniciativas e ações integradas numa estratégia efetiva de diplomacia económica promotora de internacionalização e de contacto próximo entre os países da Rede Mundial de Cidades Magalhânicas.

EIXO 3
COOPERAÇÃO
Ainda que a multiculturalidade estivesse já presente na viagem de Magalhães, nomeadamente pela diversidade de origens geográficas da tripulação, a circum-navegação revelou descobertas, tensões e perplexidades no contacto com os povos e as culturas que aos europeus eram desconhecidos. No entanto, passados 500 anos de transformações sociais, culturais e científico-tecnológicas a nível global, encaramos hoje a Era dos Descobrimentos como o primeiro passo no sentido de uma verdadeira globalização e o culminar da viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães a génese da união dos povos.
Incide por isso o terceiro eixo desta proposta no plano da cooperação, reunindo nesta parte todas as iniciativas e projetos instigadores de um contacto mais alargado, aprofundado e efetivo com os povos e culturas integrantes da Rota Magalhânica, uma plataforma única e de valor inestimável para as ações que ambicionem uma verdadeira união entre povos e culturas a nível global visando o desenvolvimento. Esta visão convoca-nos hoje para um plano de intervenção premente, dados os inúmeros desafios nos vários domínios da vida humana e social, a nível global.
As tensões e conflitos militares e sociais em vários pontos do globo, as ameaças à sustentabilidade do ambiente e do mundo natural, as alterações climáticas, as desigualdades sociais, a proliferação de ideais contrários aos Direitos Humanos, a falta de acesso a cuidados de saúde e à educação, entre inúmeros outros desafios e obstáculos ao desenvolvimento, justificam esta preocupação que assumimos aqui como missão.
Nesse sentido, a Rede Mundial de Cidades Magalhânicas constitui uma oportunidade única no sentido de se aprofundarem e estreitarem as relações entre povos e países já unidos em torno do tema universal da Circum-navegação e do seu papel transformador na História da Civilização Humana, com vista ao desenvolvimento humano e ambiental sustentável. Como Portugal assume um papel relevante no contexto das celebrações, propõe-se neste eixo um conjunto de ações que firmam uma verdadeira estratégia de diplomacia cultural e de projeção e reconhecimento internacional do nosso país, em cooperação estreita com os países parceiros, partindo da Rede Mundial de Cidades Magalhânicas.

EIXO 4
PROJETOS TRANSVERSAIS
Um último eixo estratégico da presente proposta de programa trata de reunir, não uma linha de ação temática focada numa dimensão maior decorrente do caráter universal da viagem, como os anteriores, mas, ao invés, todo o conjunto de projetos e iniciativas que visam a sua sustentação operacional. Este eixo 4, reservado aos projetos transversais, abrange todas as ações que, não se enquadrando de forma exclusiva nas linhas de implementação estratégica do conhecimento, da economia ou da cooperação, visam garantir a materialização desejada da missão e dos objetivos gerais e específicos da presente proposta, firmando no terreno e durante o período de comemorações a concretização efetiva dos projetos sistematizados anteriormente.

Participe também!
O programa das comemorações do V Centenário da Viagem de Magalhães prevê e incentiva a possibilidade de virem a ser integradas nas Comemorações Oficiais iniciativas da sociedade civil, selecionadas através de concursos, prémios e convocatórias abertas, desde que enquadradas nas prioridades do programa do V Centenário da Viagem de Magalhães.

De forma a cumprirem a desejada abrangência e apropriação coletiva do programa de celebrações, as convocatórias serão organizadas em categorias, de forma a cobrirem os diferentes espectros da sociedade portuguesa (setor científico, setor cultural, organizações não governamentais e setor empresarial). Em suma, todos estão convidados a dar o seu contributo nestas comemorações. Participe!

os portugueses prendem 12 tripulantes da Victoria, a qual deixa a ilha no dia seguinte.
6 de setembro – A Victoria chega a Sanlúcar de Barrameda com 18 sobreviventes da primeira volta ao mundo feita de seguida.

Antonio Pigafetta (cronista da Primeira Viagem de Circum-navegação)
“Graças à Providência, entrámos sábado, 6 de setembro, na baía de San Lúcar, e dos 60 homens que compunham a tripulação quando saímos das ilhas Molucas, não restavam mais que 18, a maior parte doentes. (…) Desde a nossa saída da baía de San Lúcar até ao regresso, calculo que tenhamos percorrido mais de 14460 léguas, dando a completa volta ao mundo, navegando sempre de ocidente para oriente”