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quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Programa Alimentar Mundial da ONU vence Prémio Nobel da Paz 2020





ISSOUF SANOGO/GETTY IMAGES

Instituto Nobel norueguês lembra que a cooperação é mais importante do que nunca, que a guerra faz aumentar a fome e que a pandemia veio tornar a ação contra a fome ainda mais necessária



O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas venceu o prémio Nobel da Paz. O anúncio foi feito esta sexta-feira em Oslo pelo Instituto Nobel norueguês, que sublinha “os seus esforços por combater a fome, o seu contributo para melhorar as condições para a paz em áreas afetadas por conflitos e a sua ação como força motriz nos esforços por evitar a utilização da fome como arma na guerra e em conflitos”.

Criado em 1961 e com sede em Roma, o Programa Alimentar Mundial é a maior organização no planeta a promover a segurança alimentar. Todos os anos presta assistência a cerca de 90 milhões de pessoas em mais de 80 países.

O vencedor escapou aos radares de quem tenta prever quem ganhará. O agregador de apostas Oddschecker indicava a Organização Mundial da Saúde como mais provável vencedor, seguida do Presidente francês Emmanuel Macron, da ativista ambiental Greta Thunberg, do Presidente chinês Xi Jinping e da primeira-ministra da Nova Zelândia Jacinda Ardern. A organização Repórteres Sem Fronteiras e o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (já premiado) também eram mencionados no conjunto das probabilidades indicadas pelas principais casas de apostas.

No ano passado a honra coube ao primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, pelos esforços para promover a paz no seu país e entre este e a vizinha Eritreia. Em 2018 foi a luta contra a violência sexual que valeu o prémio à iraquiana Nadia Murad e ao médico Denis Mukwege, da República Democrática do Congo. Em anos anteriores da década passada o prémio foi para a Campanha Internacional contra as Armas Nucleares; o Presidente colombiano Juan Manuel Santos; o Quarteto para o Diálogo Nacional na Tunísia; os ativistas pela educação Malala Yousafzai (Paquistão) e Kailash Satyarhi (Índia); a Organização pela Proibição das Armas Químicas; a União Europeia; as defensoras dos direitos das mulheres Ellen Johnson-Sirleaf (então Presidente da Libéria), Leymah Gbowee (liberiana) e Tawakkul Karman (iemenita); e o opositor chinês Liu Xiaobo.

Com um valor de 10 milhões de coroas norueguesas (918 mil euros), o prémio Nobel da Paz distingue “quem fez mais ou melhor trabalho pela fraternidade entre nações, pela abolição ou redução dos exércitos ativos e pela realização e promoção de congressos de paz”. Alfred Nobel, criador destes galardões, não explicou o motivo por que incluía a Paz como categoria, embora se saiba que era muito amigo da pacifista Bertha von Suttner, que viria a vencer o prémio em 1905.
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Desde 1901, o prémio coube a 107 indivíduos e 24 organizações. O recordista é o Comité Internacional da Cruz Vermelha, com três distinções (1917, 1944 e 1963). O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados já bisou (1954 e 1981). Mais ninguém repetiu o prémio e só um laureado o rejeitou: Lê Duc Tho, militar e diplomata vietnamita, escolhido em 1973 a par de Henry Kissinger, secretário de Estado dos EUA.

Apesar de uma diferença abissal entre homens e mulheres, é a categoria Nobel que mais vezes contemplou o sexo feminino: 17. O prémio não foi atribuído de 1914 a 1916 e em 1918, devido à I Guerra Mundial; em 1923, 1924, 1928, 1932; entre 1939 e 1943, devido à II Guerra Mundial; em 1948, por “não haver candidato vivo adequado” (numa homenagem ao Mahatma Gandhi, assassinado nesse ano sem ter vencido o prémio); em 1955, 1956, 1966, 1967 e 1972.